domingo, 23 de março de 2014

TRABALHANDO A LEITURA E A ESCRITA DE MANEIRA DIVERTIDA.


                                                                                     João Batista da Silva Ramos 
                                                                                     (jramosdeareia@bol.com.br)
                                                                                      Professor cursista do PNAIC
              
          Pensando em trabalhar os seguintes direitos de aprendizagem: ler textos não - verbais, em diferentes suportes, reconhecer finalidades de textos lidos pelo professor ou pelas crianças, ler em voz alta,com fluência em diferentes situações e relacionar textos verbais e não verbais construindo sentido. Realizei uma sequencia didática intitulada “Explorando a literatura em sala de aula”, a mesma teve duração de uma semana, iniciamos realizando a leitura de textos verbais e imagéticos, ou seja, exploramos a capa e a contracapa do livro dando destaque ao autor e ilustrador principalmente, fazendo menção ao texto não verbal, com isso a turma aprendeu a identificar os tipos de textos e qual a função social que demanda cada gênero textual. No segundo momento, pedi à turma que criassem palavras a partir da letra inicial do próprio nome conforme iam surgindo palavras eu as escrevia no quadro e quando juntamos certa quantidade fizemos leitura coletiva em voz alta e discutimos o significado de cada uma das palavras. Feito isso, fizemos um ditado relâmpago e todos gostaram da ideia.
            Em outro momento trabalhamos a ideia de masculino e feminino, aproveitando o titulo do livro “Que delícia de bolo!”, de Elza e Silvia Calixto. Sugeri que falássemos sobre algumas receitas de bolos e depois de citarem os ingredientes destacamos a origem do leite e da manteiga que vem da vaca  em seguida elaborei  uma lista com nomes de animais e pedi que dessem o feminino a partir do seguinte modelo:L( A vaca é a fêmea do boi), por fim propus que  montássemos uma roda de conversa para descrever oralmente os  muitos tipos de produtos feitos a partir do leite e os ingredientes utilizados para se fazer um bolo após termos terminado discutiríamos a origem de cada um dos ingredientes. Todos concordaram, e deu tão certo que quase não pararam de dar sugestões. Com essa aula foi possível de maneira bem simples destacar os produtos regionais e a pratica da agropecuária no município e nas outras regiões do país como meio de subsistência de muitas famílias e para produção comercial.
Concluímos que a alfabetização tem levantado muitos debates, em vários setores relacionados a educação. E nesse universo procuramos fazer uma reflexão em torno da prática da alfabetização envolvendo o processo de leitura e escrita, com isso possibilitando um melhor entendimento sobre esse tema tão discutido atualmente.
Para entender o processo da leitura e escrita, assim como sua evolução buscamos compreender as concepções infantis através dos estudos de alguns autores a exemplo de Emíllia Ferreiro e Cagliari. Desse modo, constatamos que a visão do que vem a ser a ação de alfabetizar está muito além daquilo que imaginamos.
            Em relação à educação, é correto afirmar que a teoria não servirá para coisa alguma se não aplicarmos a prática. Pois, é a concepção dos processos de aprendizagem que nos possibilita ampliar nossa percepção e vislumbrar outras formas de ensinar abrindo precedentes para que muitas outras pessoas procurem agir da mesma maneira focando sempre o melhoramento das técnicas aplicadas ao magistério.


REFERÊNCIAS


BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio a gestão Educacional. Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa: Planejamento e organização da rotina na alfabetização: ano 3 : unidade 1 / p. 31. – Brasília: MEC, SEB, 2012.

Cagliari, Luiz Carlos. Alfabetização sem o ba – be – bi – bo – bu. São Paulo: Scipione, 1998.

FERREIRO, Emíllia. Alfabetização em Processo. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1992.

O brinquedo como suporte para a aprendizagem-PNAIC
















TRABALHANDO A OBRA “O CAMINHO DO RIO” NA SALA DE AULA



Franciele Medeiros


  O trabalho foi desenvolvido com uma classe multisseriada do ciclo de alfabetização e possui treze alunos, sendo 5 do 1º ano, com 6 anos de idade, 3 do 2º ano com 8 anos de idade e 5 do 3º ano, sendo os alunos com as idades de 8,9,10,15 e 17 anos. Meus alunos apresentam níveis de aprendizagem diversificados. Em média, 50% dos alunos estão no nível silábico e os outros 50% encontra-se em mudança dos níveis de escrita silábico-alfabético para o alfabético.
  Quanto à progressão do aluno nos níveis de escrita é bastante particular, uma vez que, “a criança passa por avanços e recuos durante todo o processo de construção da escrita, ainda que seu desenvolvimento esteja diretamente relacionado com seu nível inicial de contextualização” (SILVA, p. 17, 2003). Para um maior aproveitamento das situações didáticas realizadas, procurei formar grupos de alunos que estavam nos níveis de escritas aproximados.
  O objetivo desta sequência didática foi utilizar o livro “o caminho do rio” para interagir literatura com assuntos presentes na vida do aluno; trabalhando nesse caso, a importância da água dos rios e também analisar a linguística de palavras escrita com R/RR.
  Iniciei os trabalhos explorando a imagem da capa e o título do livro “O caminho do rio”, provocando nos alunos a expressão verbal de seus conhecimentos prévios sobre o conteúdo abordado pelo livro.
  No segundo momento realizei a leitura na integra do livro apoiando-se nas ilustrações do texto. Em uma segunda leitura do texto os alunos iam comentando espontaneamente as imagens do texto, expressavam oralmente, o que achavam de cada acontecimento do livro.  Durante essa leitura eu ia fazendo relação do texto com o conhecimento que os alunos tinham sobre as características dos rios da localidade.
  Depois que exploramos todas as partes do livro e apreendemos o tema tratado no texto, pedi aos alunos que falassem o nome das personagens que apareceram no desenrolar da historia, e, eu ia escrevendo no quadro uma lista de palavras. Após os alunos ditarem as personagens, eu pedi que eles escrevessem no caderno as personagens, separando em duas colunas, uma com as palavras que tinham a letra R/RR e outra com as palavras que não tinham.
  Na segunda aula trabalhei com a turma o eixo oralidade. Num primeiro momento fiz a reapresentação do texto através da ilustração visual. E, em seguida os alunos iam participando recontando a historia com suas palavras, a partir do material lúdico.      
  Foi interessante o quanto os alunos se envolveram nesse momento. Com o auxilio do texto não-verbal a turma não teve dificuldade em recontar a  história, mesmo sem o apoio do texto escrito. É por situações como estas que percebemos o quanto o lúdico favorece a aprendizagem do alunado.
  No segundo momento levantei uma discussão sobre o porquê de a comunidade ter o nome Riacho dos Negros. Nesse momento, foi possibilitado aos alunos que sugerissem hipóteses sobre a origem do nome “riacho dos negros”, questionassem as possíveis causas desse nome, argumentassem em defesa de suas idéias, sempre respeitando as opiniões dos colegas.  Apesar de não termos chegado a uma conclusão precisa sobre a origem do nome as hipóteses levantadas foram bastante coerentes.
  No terceiro momento, ainda trabalhando a oralidade, procurei realizar atividades que favorecessem a apropriação do sistema de escrita relacionando pronúncia e escrita de palavras. Junto com os alunos listei todos os rios que tem na comunidade, enfocando o nome que as pessoas da comunidade costumam identificá-los. Depois retomei o texto “o caminho do rio” relacionando-o com as características dos rios locais, enfatizando a importância dos mesmos para a vida da comunidade.
  Os procedimentos dos trabalhos aconteceram interligados, sempre procurando dar continuidade temática. Na aula seguinte, fiz uma releitura do texto. A partir do texto escrito os alunos identificavam na ilustração lúdica as partes do texto que acharam mais interessantes. Nesse momento, os alunos iam listando no quadro os trechos interessantes, aqueles que ainda não dominavam o sistema de escrita copiavam os trechos do livro.
  É importante ressaltar o quanto a ludicidade favorece o processo ensino-aprendizagem do aluno. Mais uma vez faço menção aos estudos do PNAIC, quando na unidade 04, (Brincando na escola: o lúdico nas escolas do campo, 2012) podemos aprofundar nossos conhecimentos sobre o trabalho com o lúdico e comprovar que realmente a ludicidade estimula o desenvolvimento de diferentes habilidades expressivas e criativas (p.11).
    A análise linguística do texto foi trabalhada na quarta aula. Retomei a lista dos personagens do livro e, a partir da coluna das palavras escritas com R/RR foi refeito uma nova lista. Para explorar as hipóteses dos alunos para o uso do R e RR e trabalhar o uso da grafia de palavras com correspondências entre letras e seu valor sonoro, pedi que os alunos separassem as palavras novamente; dessa vez seria, uma coluna com palavras escritas com R e outra coluna com as palavras escritas com RR.
Nesse momento trabalhei com a turma a pronúncia das sílabas formadas por R e RR. Provocando nos alunos o levantamento de hipóteses quanto ao uso do R/RR. Eu ia escrevendo as hipóteses feitas pelos alunos no quadro; depois, pedi que eles registrassem no caderno. Num segundo momento dividi a turma em grupos, considerando os níveis de escrita próximos. Uma aluna leu o texto em voz alta. E, a partir da leitura, pedi que os grupos escrevessem as palavras do texto que tinha a letra R/RR, podendo ainda acrescentar outras.
  A atividade em grupo em que os alunos tinham que pensar para escrever palavras com R/RR possibilitou aos mesmos o levantamento de hipóteses quanto à escrita das palavras fazendo-os compreender que as palavras são compostas por unidades sonoras e que palavras diferentes podem ter unidades sonoras iguais.
  Para tornar esse aprendizado mais prazeroso e eficaz, propus a turma que escrevêssemos o nome de diversas brincadeiras que tivessem a letra R/RR. Dentre as brincadeiras citadas fizemos uma votação para descobrir qual seria a preferida pela maioria. E, a vencedora foi “pular corda”. Então, fomos praticar a brincadeira. Mas para tornar a brincadeira desafiadora resolvemos inovar e descobrir quem conseguiria passar mais tempo pulando corda com a boca cheia de agua ou segurando um copo com água.
Mais uma vez retomo aos estudos do PNAIC, unidade 04 (Brincando na escola: o lúdico nas escolas do campo, p.11, 2012), “as brincadeiras contribuem não só para o desenvolvimento cognitivo, mas também o motor, o social e o físico”. Quando consideramos as vivências dos nossos alunos, permitindo que o prazeroso, divertido, atrativo faça parte de nossas rotinas didáticas o mundo da aprendizagem ganha um sentido real. No contexto rural também deve ser assim, inovando e renovando, resgatando e incorporando as brincadeiras “às rotinas didáticas escolares, considerando que a aprendizagem pode se efetivar ludicamente” (p.11).
  Para concluir essa sequência didática, e, considerando as hipóteses levantadas pelos alunos, pedi que a turma escrevesse em um cartaz as regras de uso do R/RR. Depois fixamos as regras no mural da sala. E, para exercitar tudo o que aprendemos realizei um ditado de palavras com a letra R/RR. Corrigindo coletivamente o ditado, a turma pode repensar e reescrever as palavras.
  A avaliação se deu no decorrer do desenvolvimento das atividades, por meio da observação, do envolvimento dos alunos nas situações didáticas propostas e do progresso dos educandos no processo ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

  Enquanto professora do ciclo de alfabetização e cursista no PNAIC, tenho concluído: ser professor é uma arte que nos possibilita repensar, realizar, reavaliar, inovando sempre. Buscando a cada dia, qualificar-se para poder qualificar. E, é justamente isso que o PNAIC nos tem proporcionado, o resgate do antigo para construir o novo.

Referências

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio a Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo no ciclo de alfabetização: perspectiva para uma educação do campo: unidade 01. Brasília: MEC,SEB,2012.

A LITERATURA DE CORDEL NA SALA DE AULA


  
Josefa Lopes do Nascimento[1]
                                                                                                        Professora cursista do pacto Nacional.

             O projeto tinha como objetivo geral: Compreender e reconhecer a função social do gênero cordel, bem como suas características básicas através de práticas de leitura, produção e análise linguística reconhecendo sua importância na cultura popular.
              E como objetivos específicos: Despertar o gosto e o desejo pela leitura; Compreender o contexto de produção próprio da literatura de cordel; Interpretar recursos linguísticos empregados em textos poéticos dos gêneros, em especial a rima; expor para a comunidade os trabalhos realizados durante o projeto.
              Iniciei o projeto levando para sala de aula um cordel que explicava o que era esse gênero textual, fizemos a leitura coletiva e em seguida estudamos mais detalhadamente a leitura. Em outro momento levei alguns folhetos, na ocasião os alunos puderam ver com era realmente um folheto de cordel. Então fizemos a exploração de vários itens dos folhetos como: autores, xilogravuras tamanhos, desenhos, estruturas. Com os cordéis conseguimos explorar versos, estrofes, métricas. Fizemos alguns desenhos lembrando a arte da xilogravura.
             O projeto possibilitou a confecção de cartazes, produções de texto e leituras. Foi possível conhecer a História do Cordel a partir do relato dos próprios "Cordelistas”. E possibilitou a apropriação do sistema de escrita. Trabalhar no texto as palavras rimadas abriu um leque de possibilidades: os alunos puderam grifar palavras nos textos, escrevê-las em cartazes e o recorte e colagem de outras palavras que rimavam com as dos cordéis. Utilizamos também o alfabeto móvel para montar nomes de cordéis já estudados, os alunos foram colocados em duplas com o nível silábico próximo. Esta atividade foi bastante proveitosa, pois possibilitou aos alunos pensarem sobre o sistema de escrita alfabética.
             Os alunos também puderam dramatizar alguns cordéis. Após serem estudados, os cordéis eram analisados para encontrar a melhor forma de passar para os demais colegas a mensagem do texto. E por ultima tivemos a criação d um cordel em forma de convite, o qual seria entregue a comunidade convidando-os para apresentação do projeto na escola. Houve a participação dos membros da comunidade e das coordenadoras da escola. Os alunos puderam expor seus trabalhos, ler alguns cordéis e dramatiza-los.


                          REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. Ed. Cortez, 47ª edição, São Paulo, SP, 2006.
GALVÃO, Ana Maria de O. Cordel: leitores e ouvintes. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa – coletâneas de textos didáticos. 2013